Início
O Realismo tem seu início na França em 1857, quando Gustave Flaubert publica sua obra Madame Bovary, em que sua principal personagem busca um amor romântico, perfeito e impossível, mas a dura realidade, sem emoções, não permite realizar suas pretensões, e ela acaba por se suicidar.
Contexto Histórico- Cultural
- Consolidação do poder burguês
- Crescente industrialização
- Nova filosofia de vida: cética e materialista
- Progresso da ciência x crenças religiosas
- Surgimento da população urbana, da desigualdade econômica e o aparecimento do proletariado
- Motivados tanto pelas idéias do socialismo os operários procuram organizar-se politicamente. Fundam então associações trabalhistas e passam a agir melhores condições de trabalho e de vida.
- Surgem os primeiros tumultos sociais.
- No âmbito cultural, ocorre uma verdadeira efervescência de idéias. Surgem várias correntes científicas e filosóficas. São elas:
- Positivismo, de Augusto Comte. para o qual o único conhecimento válido é o conhecimento positivo, ou seja, provindo das ciências;
- Determinismo, de Hippolyte Taine, que defende que o comportamento humano é determinado por três fatores: o meio, a raça e o momento histórico;
- Socialismo- Karl Marx afirmava que o socialismo seria alcançado através da luta de classes e de uma revolução do proletariado
- Darwinismo- a lei da seleção natural, de Charles Darwin, segundo a qual a natureza ou o meio selecionam entre os seres vivos as variações que estão destinadas a sobreviver e a perpetuar-se, sendo eliminados os mais fracos.
O Realismo se desenvolveu baseado na observação da realidade, na razão e na ciência.
Os escritores, diante desse quadro de mudança de ideias e da sociedade, sentem a necessidade de criar uma literatura sintonizada com a nova realidade, capaz de abordá-la de modo mais objetivo e realista do que até então vinha fazendo o Romantismo.
As descobertas científicas, as idéias de reformas políticas e de revolução social exigiam dos escritores, por um lado, uma literatura de ação, comprometida com a crítica e a reforma da sociedade, e de outro, uma abordagem mais profunda e completa do ser humano, visto agora à luz dos conhecimentos das correntes científico-filosóficas da época.
Aparece então o Realismo, que procura, na literatura, atender às necessidades impostas pelo novo contexto histórico-cultural. Suas atitudes mais freqüentes são o combate a toda forma romântica e idealizada de ver a realidade; a crítica à sociedade burguesa e à falsidade de seus valores e instituições (Estado, Igreja, casamento, família); o embasamento no materialismo, o emprego de idéias científicas; a introspeção psicológica das personagens; as descrições objetivas e minuciosas; a lentidão na narrativa; a universalização de conceitos.
Características
- Veracidade: Demonstra o que ocorre na sociedade sem ocultar ou distorcer os fatos
- Contemporaneidade: descreve a realidade, fala sobre o que está acontecendo de verdade.
- Retrato fiel das personagens: caráter, aspectos negativos da natureza humana.
- Gosto pelos detalhes: lentidão na narrativa.
- Amor: a mulher objeto de prazer/adultério.
- Denúncia das injustiças sociais: mostra para todos a realidade dos fatos.
- Determinismo e relação entre causa e efeito: o realista procurava uma explicação lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de fatores que justificasse suas ações. Na literatura naturalista, dava-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e à hereditariedade como forças determinantes do comportamento dos indivíduos.
- Linguagem próxima à realidade: simples, natural, clara e equilibrada.
Limites entre Realismo e Naturalismo:
É muito comum o emprego dos termos Realismo e Naturalismo associados. Algumas vezes, são termos sinônimos; outras vezes, aparecem como duas estéticas literárias muito próximas uma da outra. No entanto, existe uma fronteira entre uma coisa e outra: é possível perceber algumas diferenças entre a prosa realista e a naturalista, apesar do grande número de pontos em comum. Alguns preferem ver o Naturalismo como uma espécie de prolongamento mais forte do Realismo. Sob esse ponto de vista, o Naturalismo seria um Realismo exacerbado. Seria uma forma mais aprofundada de encarar o homem. Os naturalistas sempre estariam vendo o lado patológico do homem, o seu envolvimento com um destino que ele não consegue modificar; as situações de desequilíbrio muito fortes; o homem que se comporta como um animal, obedecendo a instintos; o homem condicionado ao meio em que vive, subjugado pelo fator da hereditariedade física e patológica, que determina o comportamento dos personagens.
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